11.2.04

O dia em que Tiazinha pintou na Bizz

Émerson Gasperin

Sem máscara e com uma saia de oncinha, Tiazinha pintou na Bizz para promover sua carreira de estrela do roque - aliás, o disco dela tem uma versão sensacional de "Rock and Roll All Nite", do Kiss ("Eu quero rock and roll all nite, quero dançar com você", diz o refrão). O louco era que nenhum dos caras da banda dela a chamava de Tiazinha, e sim de Suzana. "Quero abandonar essa personagem, sei dançar e cantar", justificava a artista. Logo a notícia de que Tiazinha estava entre nós espalhou-se pelo prédio da editora. Os boys se acotovelavam na porta da redação para ver, farejar, tocar a estrela. Do nada, surgiu uma máquina polaróide da redação vizinha. Uêba, fotos! Resolvi organizar a bagaça. Mandei os manos ficarem em fila e, um a um, eles entravam na redação, pegavam seu autógrafo, tiravam um retrato com Tiazinha e iam embora. O processo funcionou até que um deles chegou com a Playboy com ela na capa. Normal, não era o primeiro a exigir o jamegão da popstar sobre as curvas estampadas na revista. O constrangedor foi que, na maior desfaçatez, o gurizão abriu na página em que aparece a xiranha da cidadã em superclose e lascou: "Aí ó, Su, assinaqui", apontando para os grandes lábios da modelo. A bagunça que reinava no ambiente parou. "Su" olhou em volta sem saber se achava graça, se ficava ofendida ou se prosseguia sua tarde de autógrafos como se não houvesse acontecido nada. Cinco segundos de silêncio total pareceram uma eternidade. Para (tentar) aliviar a tensão, falei para a manada: "Que cabreirice é essa? Tudé arte, né, Suzana?". Aliviada, Tiazinha assentiu com um sorriso, assinou a foto (não no lugar que o boy queria, e sim em cima da virilha) e a programação transcorreu sem sobressaltos. Mas não apareceu mais ninguém com revista na mão para ela assinar.
(por Émerson Gasperin)